quinta-feira, 20 de maio de 2010

Palavras

Só porque senti uma vontade inexplicável de escrever algo, cá estou.
Não sei sobre o que exatamente, os temas são tantos, porém não me atraem. Um escritor tem realmente que optar por algum tema específico? Não pode simplesmente discorrer palavras que se unem graciosamente por orações coordenadas e subordinadas e conjugações perfeitas? Apesar da imperfeição sintática atrair muitos.
O conjunto de palavras escritas é um vocativo àquele que aprendeu apreciar esta arte que se movimenta na apatia do vocábulo que, letra por letra, transforma a realidade imaginada, abstrata, ilusória em verdadeira. As palavras formam melodias e como símbolos altissonantes em harmoniosa expressão de sons que se articulam com o ar roçando ruidosamente as paredes da boca estreitada ou é forçado a sair pelas fendas laterais quando a língua se apoia no palato e no conjunto de dentes, língua e paredes côncavas executam o ruído da letra inerte.
O som parece mais belo e agradável, porém perde-se no tempo e espaço. As letras em sua indolência permanecem e sucumbem à vontade humana de as ler. Não é um fim definitivo deixar-se prostrado ao momento em que alguém desejará unir palavras em leituras onde as sequências dos sinais gráficos podem fazer algum sentido. Ou nenhum sentido. Que diferença faria? O que se deseja é tão somente unir palavras e harmonizá—las em sons que se transformam em melopéias com efeito satisfatório e como um impulso sem volta atraem ou repelem para sempre.
Gosta-se ou odeia-se a palavra. O motivo: o dicionário não contém.

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